terça-feira, maio 31, 2005


"Que a força do medo que eu tenho,não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito,mas a outra metade é silêncio...
Que a musica que eu ouço ao longe,seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece,e nem repetidas com fervor,apenas respeitadas,como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço,mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corre por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão
Que o medo da solidão se afaste,e que o convívio comigo mesmo,se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto,um doce sorriso,que me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,a outra metade eu não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo,mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta,mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia,e a outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,e a outra metade...também..."


Oswaldo Montenegro

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